quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A CENSURA CONTINUA

A desembargadora Rejane Andersen manteve, no início da noite de ontem, a censura prévia ao livro “A descentralização no banco dos réus”, de Nei Silva, que a Editora Insular pretendia lançar hoje, às 19h, na livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, em Florianópolis.

A censura, adotada para preservar “o direito à honra e à imagem” de Márgara Hadlich, soa como música suave aos ouvidos do governo, a quem a “obra” incomoda demais, por mostrar coisas que deveriam ter ficado onde eram geralmente colocadas: embaixo dos panos.

Márgara insiste que não fez acordo com o governo nem está defendendo ninguém, exceto a si mesma. Acho que consigo entender a lógica da irritação dela. Afinal, não ganhou nada com a história (enquanto Nei embolsava alguns milhares de reais, fornecidos pelo qubra-galho Armando Hess), usaram seu nome e sua imagem para apimentar o livro sem consultá-la e acham que vão faturar mais ainda às custas dela? Nananinanão!

Márgara não nasceu ontem nem é uma foca ingênua. Deve ter adquirido alguma experiência de lidar com situações difíceis, no tempo em que foi proprietária de casa de prostituição em Joinville. E agora resolveu colocar o Nei Silva na parede.

Se eu fosse o Nelson Rolim, dono da Editora Insular, faria uma “edição de emergência” do livro, suprimindo as fotos da Márgara e as referências a ela. Afinal, as insinuações de proximidade entre ela e o governador são as coisas menos importantes e mais descartáveis do livro. O resto é que é importante e realmente interessante.

Como a Márgara garante que nada tem contra a publicação do resto e só está incomodada com o uso da imagem dela (sem autorização nem pagamento), a publicação dessa parte do livro provavelmente não sofreria nova censura.

E aí ficariam satisfeitos tanto os defensores da Constituição (que assegura a liberdade de expressão e proíbe a censura prévia), quanto os cidadãos que prezam o respeito ao seu direito à informação.

O governo, enquanto isso, jura de pés juntos que nada daquilo que está relatado no livro aconteceu. O autor, processado por extorsão, teria inventado aquelas coisas apenas para extrair dinheiro do governo. Uma história que, cá entre nós, tem mais furos do que o Titanic depois de ser rasgado pelo iceberg.

Se o livro foi feito para extorquir, por que foram feitos pagamentos antes da existência do livro? E se os pagamento estavam sendo feitos, por que o Nei escreveu o livro e passou-o à imprensa?

De qualquer forma, por pior que o livro seja, por mais lacunas que a história tenha, o fato é que o título não poderia ter sido mais profético. A descentralização, a cada dia, passa mais tempo no banco dos réus. E a coisa parece tão grave que os próprios advogados de defesa acham que é melhor ficar nessa situação, do que enfrentar algum julgamento de mérito.

A ação de cassação do mandato do LHS, que corre (uau, corre mesmo!) no TSE, trata de coisas semelhantes àquelas que estão relatadas no livro censurado. E cumprindo a estratégia de empurrar com a bengala, Pavan pediu que fossem chamadas várias testemunhas (cada minuto vale ouro). Hum... o Eduardo Moreira deve estar com a pulga atrás da orelha: será que LHS vai ficar devendo uma protelação salvadora para o Pavan?

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada como viver num país democrático, com livre expressão...
Que governo, que república!!! Afinal o que o governo teme ? Claro se bem lembro o investigado foi quem gravou a conversa, ou seja o investigador é que foi gravado...Cruzes...